Será sempre o suficiente?

É muito mais fácil manter-mo-nos pelos encontros da noite do que entregar-nos a uma pessoa. 

A entrega a alguém pressupõe que vamos dar tudo(ou vá, muito) de nós à outra pessoa. O nosso tempo, a nossa atenção, o nosso carinho... A essa pessoa e só a essa pessoa.

Já nos encontros de uma noite damos basicamente algo físico, algo a que a pessoa até se possa agarrar por uma noite mas que não passa disso.

A questão aqui é: O que é que nos enche as medidas? Alguém por uma noite ou alguém a quem nos entregamos porque queremos e porque achamos que vale a pena?

Os encontros de uma noite são exatamente aquilo que são, de uma noite. No dia seguinte a ilusão de satisfação que tivemos dissolve-se, tornando a nossa solidão mais visível do que antes. Não que seja de julgar quem prefira este tipo de encontros. Cada um sabe de si. Mas será que são realmente felizes? Será que isto lhes enche as medidas? Será que isto será sempre o suficiente?

Entregar-mo-nos a uma pessoa faz com que as noites evoluam também para dias. Que a partilha seja constante. É bom termos companheiro para uma noite, mas não é ainda melhor termos também companhia para um passeio ao sol acompanhados por um gelado? Alguém que nos satisfaça a nível físico mas que também nos faça crescer a nível psicológico. Alguém que nos preencha. Alguém que esteja lá para nos acompanhar nos risos mas que também nos limpe as lágrimas.

No fundo, todos nós passamos por fases de encontros de uma noite, mas mais tarde ou mais cedo acabamos por procurar algo que seja mais que isso, procuramos alguém a quem nos possamos entregar.